segunda-feira, 7 de agosto de 2017

POEMATOS ( 2 )

        O Peixe do Super
                                          Com aquele ar vítreo 
de quem acaba de chegar 
da arca frigorífica,
que cliente o subtrai 
à bancada repleta de gelo
e o leva para casa?

Ninguém, mesmo quando a mulher 
do super afiança não haver
em qualquer outro mercado, 
a preço de saldo, 
tão mimoso peixe
como aquele desgraçado

Sequer eu, sério amigo 
de todo o peixe,
amanhado e limpo
para assar no forno
elétrico ou na brasa, 
o trago comigo.

Antes lhe aceno 
num sentido adeus
áquele desventurado,
com um olhar ainda 
mais absorto e triste 
do que o meu.

                                                                                    Lisboa, Novembro, 2014

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