Com aquele ar vítreo
de quem acaba de chegar
da arca frigorífica,
que cliente o subtrai
à bancada repleta de gelo
e o leva para casa?
Ninguém, mesmo quando a mulher
do super afiança não haver
em qualquer outro mercado,
a preço de saldo,
tão mimoso peixe
como aquele desgraçado
Sequer eu, sério amigo
de todo o peixe,
amanhado e limpo
para assar no forno
elétrico ou na brasa,
o trago comigo.
Antes lhe aceno
num sentido adeus
áquele desventurado,
com um olhar ainda
mais absorto e triste
do que o meu.
Lisboa, Novembro, 2014
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