quarta-feira, 16 de agosto de 2017

POEMATOS ( 9 )



Sobremesa

A cada verão, não quero outra sobremesa:
figos brancos a pensar na minha mãe;
peras ainda um pouco verdes, no meu pai.

Depois, como quem inala o pó de uma galáxia
depositado  numa cápsula trazida da farmácia,
fumo um cigarro e outro até queimar os dedos.

Só  então bebo  a chávena cheia de café
adoçado com uma  pastilha de aspartamo
e duas soluçadas lágrimas amargas.



                                                                         Lisboa, setembro,2016


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