segunda-feira, 31 de dezembro de 2018

O SALINEIRO (2012)

      


      Sonha com a hulha negra, de quando a ia buscar ao fundo do porão para a trazer aos  ombros;  dos  sessenta verões à espera da flor do sal para a carregar numa fragata; e das  lides do campo, à batata e à cebola.
     Mas também sonha  com as marchas e continências da tropa; o grande burburinho causado pelas greves nos severos tempos do Carmona; as noites  vividas  no frio mês de Dezembro num alambique do Montijo.
     Tudo o que sonha é sempre a preto e branco, tão mudo como um filme antigo.  À exceção de uma certa varina, que continua a ouvi-la cantar os seus pregões. E dizer que chega mesmo a vê-la correr  com as chinelas dentro da canastra para, assim descalça, mais facilmente poder fugir de quem a sonha!

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