Sonha com a hulha negra, de quando a ia
buscar ao fundo do porão para a trazer aos ombros; dos
sessenta verões à espera da flor do sal para a carregar numa fragata; e
das lides do campo, à batata e à cebola.
Mas também sonha com as marchas e continências da tropa; o grande
burburinho causado pelas greves nos severos tempos do Carmona; as
noites vividas no frio mês de Dezembro num alambique do Montijo.
Tudo o que sonha é sempre a preto e branco, tão mudo como um filme antigo. À
exceção de uma certa varina, que continua a ouvi-la cantar
os seus pregões. E dizer que chega mesmo a vê-la correr com as chinelas dentro da canastra para,
assim descalça, mais facilmente poder fugir de quem a sonha!
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