Era
um cavalo cansado e com um grande buraco na cabeça. A verdade, é que mesmo
admitindo o seu abate, não deixava de ruminar o sonho de sempre: o palco, com
os holofotes, adereços, ponto e
cenários. Quanto ao número de espectadores, não era exigente: bastaria
representar exclusivamente para si.
Sobretudo
à noite, de regresso a casa, não raro ouvia passos atrás de si. Daí que
frequentemente movesse a cabeça para certificar-se se havia alguém no seu
encalço. E às vezes havia. Mas nunca procuraram saber quem ele era. Ora, já o
conheciam!
Como
aceitar pacificamente ser tratado por louco? Para tal, haveria que auscultar a
opinião de vários clínicos. E ainda outra condição: nenhum deles ser cúmplice
do regime. Nem de deus!
Sol e olhar são sinónimos. Enquanto não se apagarem!
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