terça-feira, 11 de julho de 2017

O Assobio




Sempre que ela virava costas e saía do quarto, ouvia-lhe um ligeiro assobio. Mas só ao cabo de algum tempo veio a perceber que eram as dobradiças da porta a pedirem um fio de óleo.
                                                                            Parque Expo, Fevereiro, 2017

2 comentários:

  1. tergiverso, ergo citroviandantis sum, diria, se, enchapeladamente, buscatis buscandis, pisca o pisco aos caminhos macadamizados da mente subsistente após os desvarios serpenteados da vida escorrente em veias e correias transmissoras do risco dígito que assola a pele e o osso, mais a carne pelo meio e todo o nervo presente no passado transportado num coração batimente a Deus e ao espelho entreolhado com os olhos do futuro antevisto nas curvas a caminho da paz, do quente e doce remanso onde a espera é o fígado encruado, nutritivo e gémeo de almas inteiras a quem vogamos estradas e estrelas, fios de água, de sopa e de vinho, em caldos sumarentos de reinventada harmonia, mole apaziaguadora que tudo completa em seu complacente atrevimento, energia renovadora poro adentro em cada movimento, em toda a projectada crónica do porvir, prévio e motriz ao acontecer, e se é para escrever tem mesmo de ser, eis o rumo, eis o conduto das memórias aditivadas pelo ronronar da emoção, metaforizado no rolar asfáltico e peristáltico rio abaixo e acima, ora de alto, ora na beirinha, a experimentar-lhe o fresco e o frio em rigorosa telepatia como via de ultrapassagem de insuspeito eu, tangente ao silêncio e silente à seca tangência da historiografia dos dias, dos regressos, do nervoso miudinho acareador de quantos detalhes se enfeixam num Ser, num Dever-Ser, na interrogação instante, primeira e verdadeira, pronta a dispensar resposta, reposta a metódica dúvida em marcha desde a ignição nascida no corte do cordão primordial, sorte biológica onde assentará a sorte social, molde insidiante vida afora, por sua vez berço da pura sorte, seguro contra o esquecimento capaz de elevar ânimos a pontes cardiais imbicadas ao Amor, ao outro-eu de que é feito o eu-outro adentro, marcador de áurea que nos olha do espelho, esse sim, furtivo, fazedor da auto-cartografia respirada, inspirada e transpirada e trinta e três e mais crónicas e um assobio, mesmo se condensada num indicador do pensamento em riste de Ulisses ao sonhar a Ítaca e raramente surgem ilhas no mar tão alongadas, promontórios queridos a pique num desejo benfazejo e mercador de cansaços por quem chega refeito, a eito e a preceito, a tiracolo dores e odores do continuum fogoso jus ao reconhecimento, ao justo descanso e à mola de relançamento ao espaço e ao tempo fora do espaço e do tempo, no sagrado encadeado emaranhado no invencível impulso de viver, deixai a dobradiça chiar, a vaca tugir ou a história emergir, água abaixo e escada acima, verve a zunir, cabedal a ferver, ter a haver, mano-a-mano a escrever

    ;_)))

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  2. E fôlego para responder à medida do teu comentário! Quem o tem?

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